quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Aurora...Minha "avozinha"....

(minha avozinha com seus 2 filhos - minha avó Marietta e meu tio-avô Joãozito)
Na minha família um fato interessante acontecia : Dezembro era verdadeiramente um mês de FESTAS . Além do Natal e Ano Novo, muitos aniversários ! Eu literalmente inaugurava as festividades - 01, e depois tínhamos 02, 04, 06, 09, 20, Natal, 26 (minha avozinha), 28 e 31 ( final de ano).

Hoje seria aniversário de minha bisavó - Aurora Glória Caspary - a quem todos chamavam carinhosamente de "Nhanhá". Ela nasceu em Cachoeiro do Itapemirim - Espírito Santo - em 26/12/1879, faria portanto 128 anos !

Pessoa incrível, nunca a vi falando mal de alguém ou reclamando ... tinha sempre um elogio , um incentivo, ou uma palavra que justificasse as falhas, erros ou deslizes dos parentes, amigos ou conhecidos...
Era modista (hoje , estilista !) e uma artesã habilidosa, criativa e impecável! Mesmo depois de bem velhinha, lembro-me dela fazendo crochê com linhas bem fininhas, apesar de enxergar bem pouco: "faço pelo tato " dizia ela.

Foi com ela que aprendi muitas coisas, dentre elas : "as primeiras letras" e os primeiros trabalhos manuais; a brincar; a ouvir histórias; a amar e respeitar o meu próximo, os animais e as plantas , e a minha primeira oração:

"Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador,

já que a ti me confiou a piedade divina,

sempre me rege, me guarda e ilumina,

Amém".

Sua presença é muito intensa em minha vida, e sempre que me encontro em alguma situação delicada, difícil, me sentindo frágil ou cheia de dúvidas sua lembrança me acolhe e me fortifica.
Sempre foi e será um ser que me protege - como um anjo, talvez...
Durante muito tempo não consegui entender ou definir os sentimentos (e será que isto é possível ?!?!) que me permeam em relação a estas pessoas tão queridas que , como ela, deixaram uma imensa saudade ...até que li este verso de Drummond:

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lamentava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada,aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)

Te amo muito, querida ! Betty

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Caderno ? Não..Os Cadernos...!


Na verdade veio um grande envelope via sedex com vários cadernos e folhas avulsas contendo os mais incríveis registros.


Minha avó era uma pessoa formidável, criativa, extrovetida, alegre, mas super desorganizada !!!


Qualquer pedacinho de papel servia para ela copiar uma receita, registrar um ponto de crochê (para não esquecer, é claro !), anotar um recado ou um telefone, enfim...


Folheando-os com mamãe outro dia demos muitas risadas. Imaginem só : no alto da página tem escrito" Sapatinho de Tricô muito fácil de fazer (receita da Célia)" e em seguida vem a receita do dito sapatinho, mas logo em seguida você pode encontrar um número de telefone e o nome da pessoa com um lembrete , mais ou menos assim :"25-4398 Félix ligar 2ª feira para saber de...", em seguida -e na mesma página-você pode ser surpreendida com uma deliciosa receita de "Ovos à Creci " ... e tudo bem !


Com isto acho que teremos que mudar a apresentação inicial do blog : ao invés de "livro de trabalhos manuais ..." vamos acrescentar "e outras delícias...", que tal ?


Com tudo isto descobri que sabemos quando amamos muito uma pessoa : é quando achamos graça nos seus "defeitos" e os qualificamos de..."características"...


E eu amo estas "características" desta arteira vovó !

P.S.: Já "enriqueci" a apresentação do blog, confiram lá no início.
Com carinho, Betty

sábado, 17 de novembro de 2007

...e o caderno da vó Marieta chegou !


Parece sonho, mas é verdade !

Mamãe me ligou avisando que o tão esperado caderno chegou, que bom !

Obrigada, Tânia ! Um beijo especial pra você !

Agora vamos poder dar continuidade às postagens das "artes " da vó Marietta - que terá seu grande sonho realizado !

Aguardem...

Um beijinho carinhoso, Betty

domingo, 7 de outubro de 2007

7 de Outubro - Dia de aniversários...


Hoje, 7 de Outubro meu avô Décio completaria 100 anos, e minha avó Marietta 94 !!!

Incrível , não ? Tantas coisas em comum, até o dia do aniversário...

Mas, aonde quer que estejam, com certeza estão muito bem, e...comemorando !

Alegres, e festeros como eram hoje teríamos uma linda festa, com muita gente - amigos e familiares.

Que recebam muita luz, paz, e carinho daqueles que aqui na Terra sempre os terão na memória e no coração.

Com muito amor, da "sua vidinha", Betty

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quem procura...acha !!!


Ainda não podemos comemorar muito, mas parece que encontraram o "tal caderno" de que falei na 1ª postagem. Estava - como eu esperava - em casa de minha tia em Brasília (última residência de minha avó aqui na Terra).



Para nossa imensa alegria a coisa não parou por aí... muitas outras coisinhas soltas, aqui e ali, lá e acolá estão sendo resgatadas, e em breve teremos muito material para postar.



Por enquanto vou apresentar o Luiz Décio, segundo esposo de minha avó e - segundo ela própria "seu maior incentivo na vida".



Meu avô Décio -era assim que ele era conhecido na família - nasceu em Campos dos Goitacazes, no "antigo Estado do Rio de Janeiro", portanto era fluminense de nascimento e flamengo "doente" de coração. Coincidentemente nasceu também no dia 7 de Outubro só que em 1907. Como ela era libriano e "flamengo"...



Meu avô era uma figura incrível - e por ele tenho "um amor pra 2000 anos" - como ele mesmo brincava...pessoa formidável..!



Me chamava de "minha vidinha", me mimava tudo o que podia, e tudo o que eu "aprontava" era para ele "uma graça !" Chegava a enfrentar a minha avó que ficava muito brava comigo com as minhas peraltices, mas para ele criança era criança, sem pecado e sem culpa, sem castigo e sem dor.



Na verdade, tanto ele como minha bisavó Aurora, eram grandes educadores - nasceram educadores.



Amavam, respeitavam , compreendiam e valorizavam a infância e as crianças como poucas pessoas que já conheci.



Nunca deixaram o ser criança deles morrer. Tinham uma alegria, um jeito de falar , sabiam o que falar com as crianças, e nunca se recusavam a brincar.



Brincavam, faziam "coisinhas especiais",e até em algumas "traquinagens" nos acompanhavam...



Minha avó o chamava de "bem meu " e eu achava isso muito diferente. Todo mundo que eu conhecia se dirigia aos seus pares pelo nome, mas eles não !



Toda vez que meu avô saía, ainda que fosse para comprar apenas uns pães na padaria que ficava na mesma quadra em que morávamos, eles se despediam com beijinho e tudo...Eu achava isto o máximo ...! Hoje sei que isto é "cuidar"...



Não vou dizer que eles não brigavam, mas o engraçado é que como ele ficava calado minha avó acabava brigando sozinha, e como brigar sozinho não tem graça, a briga acabava rapidinho !



Não me lembro de ouvir meu avô dizer "não" para minha avó.

Ele também a mimava, e muito...!



As poucas brigas que assisti dos dois aconteceram porque minha avó era possessivamente ciumenta, e ficava procurando motivo. Ele por sua vez achava graça, levava na brincadeira, o que a deixava ainda mais furiosa.Eu achava aquilo muito engraçado, parecia coisa ensaiada : " muito barulho por nada !"



Meu avô era muito comunicativo, falava e mexia com todo mundo, e adorava tomar cafezinho no bar que ficara bem embaixo do apartamento em que moravam na divisa entre o posto 6 e Ipanema. Todas as tardes ele descia pra tomar o tal cafezinho e discutir futebol.Depois passava na padaria e ia pra casa coar o café e ferver o leite para o lanche da noite.Só que no caminho ia encontrando todos os "conhecidos" daquela região, e batendo um papo...



Achei esta foto num álbum de minha mãe.Me lembro do dia em que a tiramos: lá estou eu com uns 4 anos, com meu avó na praia de Copacabana, bem em frente ao local onde morávamos.



Espero na próxima postagem colocar mais alguns trabalhos de minha avó.



Um beijinho carinhoso, Betty



quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Fotos,lembranças e ... "causos"


Pedi à mamãe umas fotos de minha avó para postar aqui no cantinho dela.


Olhei, olhei e achei que esta seria bem adequada. Estamos eu (com 2 aninhos) e ela na praia de Copacabana bem em frente ao local onde morávamos.Reparem na "pose " que ambas estamos fazendo...Não somos duas "gatinhas" ?!?


Marietta Caspary nasceu no Rio de Janeiro em 7 de Outubro de 1913, mas muito vaidosa detestava falar sobre "idade", e quando lhe perguntavam ela fica extremamente irritada. Em muitos de seus documentos - para sua alegria- constava que ela era de 1914 , o que a deixava completamente feliz !!!


Minha avó estudou na Escola e Arte e Ofícios Wenceslau Brás, onde além das disciplinas "normais", ainda aprendia Artes, Artesanato, Culinária, e foi onde aprendeu (entre outras coisas) a fazer...chapéus !!!


Gostava de tudo o que se aprendia lá, exceto...cozinhar ( e, pior, limpar toda a sujeira decorrente do cozinhar...) !


Um agravante desta repulsa pela cozinha, talvez fosse o fato de que havia uma inspetora - D.Palmira - que não simpatizava nada com ela (cá pra nós a antipatia era recíproca, e minha avó quando cismava com alguém...).


Um belo dia minha avó foi escalada para a cozinha junto com as amigas - que também não gostavam da inspetora - e
resolveram "aprontar" uma surpresa...


O cardápio ficava em local de destaque para que todos pudessem ler : uma grande lousa onde as alunas escreviam os pratos que seriam servidos no dia.


Ela e as amigas haviam apelidado a D. Palmira de "Chuchu",e para provocá-la resolveram fazer... chuchu, entre outras delícias !


Grande foi a diversão das alunas e o aborrecimento da pobre D.Palmira ao ler em letras bem grandes no cardápio da Escola :


HOJE: "Grande fenômeno na cozinha : um chuchu vai comer outro !!!"


Esta era a minha avó querida: esperta, ousada, engraçada, e...TERRÍVEL !!!


Por hoje ficamos por aqui... Um beijinho carinhoso, Betty e Sueli


Contamos com os seus comentário, sim ?

sábado, 25 de agosto de 2007

Mas pra que serve o Trabalho Manual, e...Teares!



Este é o papel que deu origem a toda esta publicação.

Nele minha avó continuava dizendo assim: "O trabalho manual torna o espírito lúcido e descansa o cérebro, sendo um auxílio para o bem estar.

Só se aprende a fazer as cousas praticando-se bastante. A prática faz com que consigamos corrigir nossos erros."

Os primeiros trabalhos registrados foram os realizados em pequenos teares quadrados de madeira com pregos presos em seus 4 lados , e que se chama "alibi".

São confeccionados em diversos tamanhos, e que podem ter 12, 15 , 18, 24 pregos de cada lado.

Os quadradinhos feitos nos teares menores eram empregados para a confecção de roupinhas de bebê, e os maiores geralmente para mantas .

Mamãe achou estes teares já há algum tempo e começou a tecer vários quadradinhos com lã bem fininha, para bebê.

Aqui está uma foto deste mini tear de 24 preguinhos que tem apenas 10 cm de lado , e um quadradinho já pronto (com 8,5 cm² ).



Não é mesmo uma belezinha ? E os trabalhos ficam muito delicados !

Até a próxima postagem, Um beijinho carinhoso, Betty e Sueli

Por favor, comente ! É muito importante.Obrigada.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Descobertas....de tudo, um pouco...


Tudo começou com um e-mail que minha mãe me enviou, e que dizia assim:
"...continuando nas arrumações você não sabe o que eu descobri: um papel escrito por mamãe, é um projeto para escrever um livro de artesanato cuja introdução é a seguinte:

"Título: "De tudo um pouco".
Muito feliz sentir-me-ia se este livro corresponder a meu objetivo.É um livro que não contêm inovações, apenas o meu intuito é oferecer, a todos que o possuirem, um auxiliar. Procurei colocar um pouco de tudo que seja útil ao mestre, ao aluno, e a todos que apreciam o Trabalho Manual.
Dedico a vocês minhas netas Betty e Tânia e ao meu amigo e esposo Luiz Décio que foi o meu maior incentivo na vida."

(continuando o e-mail de mamãe...) Bem, aí vem diversas lições a seguir.
Você sabia disso ?
Beijos, mammy.

Eu não sabia do projeto do livro, mas como morei e vivi com meus avós até meus 13 anos, sabia de um caderno espiral de capa caramelo meio marmorizada onde ela - minha avó Marietta - anotava tudo o que fazia ou aprendia das Artes Manuais.E olha que não era pouco o que estava lá !!!

O caderno ainda não encontramos - mamãe já telefonou pra minha tia Magali, e pediu para que ela também comece a busca,
mas já temos algumas coisas que minha avó escreveu, e resolvemos publicá-las.

No tempo dela só se publicavam livros, ainda bem que agora publicamos...BLOGS !!!

Um beijinho carinhoso, Betty e Sueli